terça-feira, 6 de março de 2012

Cartas Uruguaias - Nº 2

   Hoje o dia amanheceu chuvoso em Montevideo (sim, com "o" no final mesmo). O calor dos últimos três dias resolveu dar uma trégua. Hoje pude caminhas pelas Ramblas sem me desmanchar em suor. Foi possível até sentir cotra o rosto uma leve brisa vinda do "Mar de la Plata" (não, você não fugiu às aulas de geografia, é que as pessoas aqui tratam o rio como um grande mar de água doce.)
   Ontem estive em Punta del Este. O que eu posso dizer? A Riviera Francesa é logo ali. O lugar é de uma beleza natural aliada a uma sofisticação digna das mais badaladas praias do sul da França.
   Apesar dos perrengues que eu passei, como os 4km que eu tive que caminhar da estrada até a Casa Pueblo e mais os 2km da Casa Pueblo até a estrada, isso por volta das 20:30, com um dilúvio para cair e quase não conseguia pegar o último ônibus semi direto para Montevideo...
   Mas a cerimônia " de la puesta del sol" é um espetáculo a parte.  O poema de Vilaró soando enquanto o sol vai se pondo naquela paisagem paradísiaca é de deixar qualquer um arrepiado.
  Depois da aventura de ontem resolvi fazer um dia mais light hoje. Volteu à "ciudad vieja" visitei o museu pedagógico, onde se pode notar a importância que os uruguaios dão ao ensino público e a evolução da escola pública uruguaia nos últimos dois séculos. Hoje soube duas coisas bastante interessante sobre a educação no Uruguai: este é o único país do mundo não lusófono onde o ensino do português é obrigatório a partir da 5° série e todo estudante uruguaio tem direito a um laptop subsidiado pelo governo.
  Continuei caminhando pela Avenida 18 Julio até a Plaza Independencia ( aviso aos navegantes: O Mausoleu do General Artigas está fechado para reformas), fiz a visita guiada no Teatro Solís (a sala principal é quase uma réplica do Teatro Scala de Milão), me perdi propositalmente pelas ruas tortuosas da ciudad vieja e cheguei ao Mercado do Porto. Havia uma parrillada que parecia deliciosa sendo assada em um dos restaurantes, mas o meu estomago ainda não está preparado para o turismo gastronomico nestas latitudes do continente. Se amanhã a temperatura estiver assim, talvez eu prove um bom corte de carne uruguaia acompanhada de uma boa taça de Tannat...
  Voltei para o Hostel caminhando pela Rambla ao invés de caminhar pelo centro. Fiquei algumas horas sentado ali à beira do rio, vendo o vai-e-vem das pessoas. Impressionante como em plena uma tarde de terça-feira as pessoas estavam tomando mate e jogando conversa fora. Uma das coisas que me impressionou bastante aqui em Montevideo é que apesar de ser uma capital, a cidade tem um ritmo bem interiorano. Se eu vivesse aqui pelo menos dois meses, com certeza essas rugas precoces desapareceriam.
    Como é bom mirar o horizonte e não enxergar limites nele. É assim aqui no Rio da Prata, parece que a extensão do rio não tem limite. Acredito que a vida seja assim também: um horizonte sem fim. O problema é que as vezes ficamos muito tempo olhando as ondas batendo nas rochas e esquecemos de levantar a cabeça e olhar as oportunidades que só estão esperando para serem exploradas.
  Porém nunca é tarde para levantar a cabeça e ver o belo pôr do sol que está fazendo la adiante...

Casa Pueblo

Pôr do Sol visto a partir dos balcões da Casa Pueblo

Pôr do Sol hoje em Montevideo. Belissimo apesar das nuvens.

Punta del Este

   

  
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário